sábado, 23 de janeiro de 2010

METADOS SOCRÁTICOS


Nesta página procuramos explicar qual foi a missão de Sócrates, caracterizar o método socrático, o que era o demónio, aplicação do método à educação e limitações do método socrático.

Missão de Sócrates

Método Socrático

Demónio de Sócrates

Aplicação do método socrático à educação

Limitações do método socrático

Missão de Sócrates

Existe uma lenda que afirma que Sócrates começou a tornar-se naquilo que foi ao aperceber-se que não era nada. Eis o que Sócrates conta no decurso do seu processo:

« O seu amigo Querofonte, um dos intímos do pequeno grupo, tinha ido consultar o oráculo de Delfos para saber se havia alguém mais sábio do que Sócrates, ao que a Pítia respondera pela negativa. Vejamos o que significa a resposta do Deus, interroga Sócrates. Qual será o seu significado oculto? Tenho a consciência de que não sou nem muito nem pouco sábio. Que quererá ele dizer quando afirma que sou o mais sábio? » ( in Wolff, página 37)

Se quiser consultar mais detalhadamente informação sobre o Oráculo de Delfos, clique em: Delfos

Foi desta perplexidade que nasceu simultaneamente a investigação e a missão de Sócrates. A investigação anuncia-se assim:

« Foi procurar um desses homens que passam por sábios, certo de que poderia pôr à prova o oráculo e dizer-lhe claramente em seguida: eis um homem mais sábio do que eu e tu declaraste-me o mais sábio. Examinei, então atentamente esse homem e, há medida que foi diálogando com ele, a impressão com que fiquei foi que esse indivíduo parecia sábio para muita gente, sobretudo para ele próprio, mas que de modo nenhum o era. Retirei-me pensando, afinal sou um pouco mais sábio do que ele. Com efeito, é possível que nenhum de nós saiba nada de importante; só que ele pensa que sabe, embora não saiba; ao passo que eu, se nada sei, também não considero que sei. Em suma, parece-me que sou um pouco mais sábio do que ele, quanto mais não seja pelo facto de não considerar saber aquilo que não sei.» ( in Wolff, página 38)

A investigação continua, de desventura em desventura em relação ao saber dos outros, para grande surpresa de Sócrates. É neste ponto que Sócrates, concluindo a sua investigação, inicia a sua missão, aproximando-se do antigo preceito «conhece-te a ti próprio». É desta tomada de consciência que vão surgir um ensinamento, um método e uma atitude.

Sócrates queria que o homem actuasse em função de valores, o que equivale a dizer que a sua tarefa, a sua «missão», à qual, de resto, ele atribuía uma origem divina, era a de educador na Cidade. Pois ao longo de dezenas de anos, ele não quis senão tornar os seus concidadãos melhores.

Método Socrático

Sócrates adoptava sempre pelo diálogo, costumava iniciar uma conversação fazendo perguntas e obtendo dessa forma opiniões do interlocutor, que ele aparentemente aceitava. Depois, por meio de um interrogatório hábil, desenvolvia as opiniões originais da pessoa arguida, mostrando a tolice e os absurdos das opiniões superficiais e levando e presumido possuidor da sabedoria a se desconcertar em face das consequências contraditórias ou absurdas das suas opiniões originais e a confessar o seu erro ou a sua incapacidade para alcançar uma conclusão satisfatória. Esta primeira parte do método de Sócrates, destinada a levar o indivíduo à convicção do erro, é a ironia. Depois, continuando a sua argumentação e partindo da opinião primitiva do interlocutor – desenvolvia a verdade completa. Sócrates deu a esta última parte a designação de maiêutica - a arte de fazer nascer as ideias. É este o método que encontramos amplamente desenvolvido nos diálogos socráticos de Platão.

Diálogo

Sócrates não viveu senão pelo diálogo, senão em e pelo contacto com o discípulo, sentia que qualquer obra escrita era incapaz de nos trazer aquilo que nos dá a palavra e o diálogo, em que dois seres vivos comunicam no seio dessa verdade que as suas presenças implicam. Pois é verdadeiramente na presença que o homem se encontra e pode aprender a conhecer-se, na presença, ou mais precisamente nesta compresença que o mestre e o discípulo descobrem aprofundando a mensagem que, através da sua linguagem e pelo seu diálogo, se apresenta pouco a pouco como uma reminiscência de uma verdade original no interior do qual eles se encontram os dois.
Assim a personagem de Sócrates precisa-se aos nossos olhos não «tal como ele foi» mas tal como ele é, não como alguém a reencontrar através dos documentos múltiplos e sempre demasiadamente ou não suficientemente eloquentes, mas como uma pessoa a descobrir em nós próprios. E é esta «existência» de Sócrates que deve permitir compreender o sentido da mensagem que Sócrates traz em si mesmo e em nós próprios, o sentido da relação entre o mestre e o discípulo.

Dialogar com Sócrates era submeter-se a uma “lavagem da alma” e a uma prestação de contas da sua própria vida, existem alguns testemunhos que reforçam a ideia que quem que esteja próximo a Sócrates e, em contacto com ele, põe-se a raciocinar, qualquer que seja o assunto tratado, é arrastado pelas espirais do diálogo e inevitavelmente é forçado a seguir adiante, até que, surpreendentemente, ver-se a prestar contas de si mesmo e do modo como vive, pensa e viveu.

Sócrates dialogava com quem o quisesse ouvir, principalmente onde se concentravam um maior número de pessoas, como era o caso da Ágora.

Se quiser consultar mais detalhadamente informação sobre a Ágora, clique em: Ágora.

Ironia

«O filósofo ironiza», dizia Sócrates; quase todos os diálogos de Platão reflectem em algumas passagem esta ironia que, para Sócrates, acompanhava toda a reflexão séria, a tal ponto que imensas discussões filosóficas se nos apresentam como verdadeiras cenas de comédia.

Torna-se importante observar que a ironia socrática não se tratava de um talento satírico ou da expressão de um desejo de difamação. Conforme a observação de Romano Guardini:

« A ironia de Sócrates [...] não visa desqualificar o outro, mas ajudá-lo. Ela quer libertá-lo e abri-lo à verdade[...]. A sua ironia procura criar um mal-estar e uma tensão no centro do homem, para que aí proceda o movimento esperado, no próprio interlocutor, se este não puder ser socorrido, no auditor.» ( in Jean Brun, página 83)

Sócrates encontrava-se frequentemente face a temíveis profissionais do saber e da eloquência que nunca se sentiam apanhados desprevenidos, eram mestres que tinham resposta para tudo e que ignoraram a hesitação do escrúpulo e da interrogação da reflexão. Sócrates, ao contrário, era o homem das interrogações, aquele que nunca se deixava enclausurar em nenhum sistema, aquele que se recusava a ter ponto certo o que não era, ou a estiar como problemática aquilo que era perfeitamente certo.

Os interlocutores de Sócrates, como Hípias que sabia fazer tudo, como Protágoras que se dava ares de um professor de virtude, Cálices ou Trasímaco que pensavam puder fundar uma moral e uma política sobre o «direito» do mais forte, não eram irónicos, eram pelo contrário personagens sérias, isto é, personagens que levavam a sério esses assuntos. Mas a sua seriedade era uma falsa seriedade. Era a essa seriedade é que se opunha à ironia socrática.Assim, era a seriedade dos interlocutores de Sócrates que nos devia fazer sorrir, ao passo que a ironia do filósofo devia ser, ela, levada a sério, pela simples razão de que ela era a verdadeira consciência.

A ironia de Sócrates consistia em apanhar o homem sério na sua própria armadilha, mostrando-lhe que essa seriedade repousa na ignorância que se ignora. Como diz Bergson:

«A ironia que ele passeia com ele é destinada a afastar as opiniões que não sofreram a prova da reflexão e a envergonhá-las, por assim dizer, pondo-as em contradição consigo mesmas.» ( in Jean Brun, página 84)

É por isso que o procedimento de Sócrates era frequentemente o seguinte: O diálogo que começava pela procura de uma definição, o verdadeiro, o justo, o belo, a piedade, um interlocutor seguro de si que dava imediatamente uma definição. Sócrates ficava maravilhado, aceitava a definição do interlocutor que se impertigava, e tirava dela, com o seu consentimento, deduções cada vez mais precisas. O interlocutor não deixava de seguir Sócrates e de o aprovar, extremamente satisfeito por ver que a sua definição ainda era mais rica do que ele próprio tinha julgado. Depois, subitamente, Sócrates estacava e mostrava que o ponto de chegada estava em contradição formal com o ponto de partida. Se o interlocutor estivesse de boa fé ele concluía daí que a definição de nada valia e que era necessário propor uma outra. Sócrates retomava então a discussão e passava ao crivo as definições sucessivas que lhe propunham. Muitas vezes o diálogo concluia-se e Sócrates deixava o seu interlocutor confundido dizendo-lhe que talvez numa outra altura pudessem examinar de novo o problema. Mas podia acontecer que o interlocutor estivesse de má-fé e que então se recusásse a participar na conversa e a admitir a sua ignorância. Se a pessoa se entregava ao orgulho ferido, tornava-se um inimigo feroz, e foi esta a razão que lhe custou a vida.

Sócrates foi comparado ora a uma tremelga ora a um moscardo. Justamente como a tremelga paralisa a sua presa, do mesmo modo Sócrates paralisava o interlocutor seguro de si próprio e que não via que o seu saber não era senão um pseudo-saber, uma ignorância que se ignora.

Em suma, a ironia socrática reconduzia as pseudocertezas às justas proporções e, denunciava as suas pretensões usurpadoras, apanhava o interlocutor nas suas próprias redes. A ironia opunha-se a tudo o que desse conta da existência em termos de conceitos e de sistemas fechados, a tudo que pretendesse congelar a existência encerrando-a nos limites muito estreitos do pensamento objectivo: ela denunciava a impotência dos falsos poderes.Sócrates não se preocupava em ser professor de hebreu, nem escultor, nem primeiro dançarino, preocupava-se em ensinar aos outros o que todos sabiam, ou mais exactamente deveriam saber; a intenção de Sócrates era pois essencialmente irónica uma vez que se propunha fazer que encontrássemos o que possuímos, fazer que descubríssemos o que temos, que nos colocássemos em presença da proximidade, e que nos conduzissemos em direcção ao caminho do simples e do imediato. Como diz Kierkegaard, a ironia não é a verdade mas o caminho, pois a ironia impede todo o homem de ter a última palavra pois no fundo não há palavra que possa ser dada como última.

Kierkegaard foi um Filósofo, que nasceu em 1813 e morreu em 1855.

Maiêutica

Sendo filho de uma parteira, Sócrates costumava comparar a sua actividade com a de trazer ao mundo a verdade que há dentro de cada um.

« Ora, a minha arte de maiêutico é em tudo semelhante à das parteiras mas difere nisto, em que a ajuda a fazer dar à luz homens e não mulheres e provê às almas geradoras e não aos corpos. E não só, pois o significado maior desta minha arte é que consigo, mediante ela, distinguir, com maior segurança, se a mente do jovem dá à luz quimeras e mentiras, ou coisas vitais e verdadeiras. E tenho em comum com as parteiras precisamente isto: também sou estéril, estéril em sabedoria; e a censura que já muitos me fizeram de que eu interrogo os outros, mas nunca manifesto o meu pensamento acerca de nada, é uma censura muito verdadeira.[...] Por conseguinte, eu próprio não sou de modo nenhum sábio nem se gerou em mim qualquer descoberta que seja fruto da minha alma.» ( in Adorno, página 79)

O universalismo socrático não era a negação do valor dos indivíduos, era o reconhecimento de que o valor do indivíduo só pode ser compreendido e realizado nas relações entre os indivíduos. Mas a relação entre os indivíduos, se é tal que garanta a cada um a liberdade da pesquisa de si próprios, é uma relação fundada na virtude e na justiça. E é aqui, portanto, o interesse de Sócrates, na medida em que se entende promover em cada homem a investigação de próprio, se volta naturalmente para o problema da virtude e da justiça.

A maiêutica mais não era, na realidade, que a arte da pesquisa em comum. O homem não podia ver claro por si só. A investigação de que se ocupa não pode começar e acabar no recinto fechado da sua individualidade, pelo contrário, só pode ser fruto de um dialogar contínuo com os outros, como consigo mesmo. O método socrático tinha como característica levar cada indivíduo a reflectir acerca dos seus deveres. Sócrates começava por chamar a atenção de cada um para os seus interesses pessoais, interesses domésticos ou pessoais, educação dos filhos, problemas da vida da cidade, questões relativas ao saber. Levava em seguida os seus interlocutores quaisquer que eles fossem, a extrair do caso particular o pensamento universal. Começando por suscitar a desconfiança em relação aos preconceitos que cada um aceitou sem exame prévio, conseguia convencer o seu interlocutor a procurar em si próprio o que era. Conduzia-lo assim, por um lado, a extrair o universal do caso concreto e a expor plenamente à luz aquilo que se esconde em qualquer consciência; e, por outro lado, obriga-o a destruir as generalidades aceites de imediato pela consciência.

Não tendo conseguido formular uma filosofia de maneira sistemática, o processo principal de Sócrates consistia em interrogar, em ajudar cada um a tomar consciência dos seus próprios pensamentos, ou melhor, em despertar dentro de cada indivíduo a consciência do universal, a qual existe no foro íntimo de todos como essência imediata. Tal como escreveu Hegel, Sócrates opõe à interioridade acidental e particular a universal e verdadeira interioridade do pensamento. A introspecção é o característico da filosofia de Sócrates, e exprime-se na famosa frase, Conhece-te a ti próprio. Isto é torna-te consciente da tua ignorância.

"Conhece-te a ti próprio”

O templo de Delfos trazia inscritas no seu frontispício diferentes fórmulas de sabedoria entre as quais a célebre: «Conhece-te a ti próprio», de que Sócrates fez a trave mestre do seu pensamento. Este conselho de Deus foi para Sócrates simultaneamente uma arma de combate contra os sofistas, e uma mensagem ao aprofundamento da qual ele convidou os seus discípulos a consagrarem-se. Como podemos constatar no seguinte excerto:

« Sócrates – Agora, qual será a arte pela qual poderíamos - nos preocupar connosco?

Alcibíades – Isto eu ignoro.

Sócrates – Em todo caso, estamos de acordo num ponto: não é pela arte que nos melhorar algo que nos pertence, mas pela que faculte uma melhoria em nós mesmos.

Alcibíades – Tens razão.

Sócrates – Por outro lado, acaso poderíamos reconhecer a arte que aperfeiçoa os calçados, se não soubéssemos em que consiste o calçado?

Alcibíades – Impossível.

Sócrates – Ou a arte que melhora os anéis, se não soubéssemos o que é um anel?

Alcibíades – De facto, não!

Sócrates – Então, por ventura podemos conhecer a arte de nos tornarmos melhores, sem saber o que somos?

Alcibíades – Não, isto não é possível.

Sócrates – Entretanto, será fácil conhecer-se a si mesmo? E teria sido um homem ordinário aquele que colocou este preceito no templo de Pytho? Ou trata-se pelo contrário de uma tarefa ingrata que não está ao alcance de todos?

Alcibíades – Quanto a mim, Sócrates, julguei muitas vezes que estivéssemos ao alcance de todos, mas algumas vezes também que ela é muito difícil.

Sócrates – Que seja fácil ou não, Alcibíades estamos sempre em presença do facto seguinte: Somente conhecendo-nos é que podemos preocupar connosco, sem isto não podemos.

Alcibíades – É muito justo. » ( in Sauvage, página 131)

Concluímos que os ensinamentos de Sócrates tinham dois propósitos. O primeiro era de demonstrar que o conhecimento era a base de toda a acção virtuosa; o segundo, indicar o conhecimento devia ser desenvolvido pelo próprio indivíduo, de sua própria existência, por meio do método dialéctico. O conhecimento, sustentava ele, era o requisito prévio da livre acção em todas as artes. Isto é sobretudo verdadeiro no caso da mais elevada das artes, a arte de bem viver. Esse conhecimento, sustentava Sócrates não podia ser adquirido pela simples aceitação de opiniões individuais, mas somente pela procura daquilo que é comum a todos e que constitui a verdade universalmente válida.Mas o indivíduo era incapaz, sem instrução, de descobrir em sua experiência essa verdade de validez universal. Tal verdade só podia ser adquirida mediante o processo da dialéctica. Em consequência, o alvo do trabalho de Sócrates, assim como o seu ponto de vista sobre o objectivo geral da educação, era o de desenvolver em cada indivíduo o poder de formular verdades universais.

Demónio de Sócrates

Sócrates costumava dizer que um «demónio» interior, que qualquer coisa de divino, lhe prodigalizava advertências nas circunstâncias difíceis da sua vida. É assim que, na Apologia, Sócrates disse aos seus juízes,

“ Vós tendes frequentemente e em todo o lado ouvido dizer que um signo divino e demoníaco se manifesta em mim, aquilo que Meleto fez escárnio um dos seus objectivos principais de acusação. Isso começou desde a minha infância; é uma especíe de voz que, quando se faz ouvir, me desvia sempre do que me proponho fazer, mas nunca me incita a isso. É ela que se opõe a que eu me ocupe da política, e creio que é de uma extrema felicidade para mim que ela me desvie disso.” ( in Jean Brun, página 71)

O demónio de Sócrates era algo de muito específico que dizia respeito muito particularmente à excepcional personalidade de Sócrates, colocando no mesmo plano de um tipo de mediunismo que se fazia presente em certos momentos de concentração muito intensa e em momentos de reflexão bastante próximos aos arrebatamentos deêxtase em que Sócrates mergulhava algumas vezes e que duravam longamente.

O demónio era o bem que ligava Sócrates ao divino, mas ele detinha-no mais do que o incitava, mais do que conselhos positivos ele formulava interdições, deixando por conseguinte a Sócrates toda a liberdade e toda a responsabilidade para descobrir por si próprio a via a seguir. Como observa G. Bastide o estudo dos textos conduz a três constatações essenciais: Primeiro que tudo, Sócrates explica a sua conduta por recurso a um deus interior, a uma advertência íntima, a uma voz demoníaca que nunca o abandona. Em seguida, com uma ou duas excepções talvez esta voz interior toma a forma proibitiva, quando se trata de desviar Sócrates deste ou aquele acto ou deste ou aquele compromisso preciso. Enfim o deus é uma força imperiosa que determina de uma forma total a vocação espiritual de Sócrates. Assim pode-se dizer que ele é simultaneamente um inspirado e um espírito crítico.

Nietzsche, por sua vez, sublinha que o demónio de Sócrates o advertia sempre que se abstenha mas que ele nunca o incitava a ir para a frente; assim enquanto que em todos os homens produtivos o instinto é uma força crítica e negativa, em Sócrates o instinto torna-se crítico e a consciência criadora, o que para Nietzsche constitui uma «monstruosidade por carência».

Aplicação do método socrático à educação

Segundo Sócrates, ele nada ensinava, apenas ajudava as pessoas a tirarem de si mesmas opiniões próprias e limpas de falsos valores, pois o verdadeiro conhecimento tem de vir de dentro, de acordo com a consciência. Até mesmo na actividade de aprender uma disciplina qualquer, o professor nada mais pode fazer que orientar e esclarecer dúvidas, como o lapidador tira o excesso de entulho do diamante, não fazendo o próprio diamante. O processo de aprender é um processo interno, e tanto mais eficaz quanto maior for o interesse de aprender. Só o conhecimento que vem de dentro é capaz de revelar o verdadeiro discernimento.

A influência imediata do ensino de Sócrates sobre a educação foi dupla. Em relação ‘ao conteúdo’ constitui uma exaltação, sem precedentes, do conhecimento. Isto coincidiu com idêntica influência dos sofistas, que proclamam dar conhecimento exigido pelas novas condições da época. Mas, justamente porque o conhecimento, para Sócrates, continha uma inevitável projecção moral, encerrava, também uma concepção muito mais ampla do que o conhecimento dos filósofos primitivos, do que a informação dos sofistas é mesmo do que a concepção moderna do conhecimento. Tal distinção, porém, era dificilmente percebida pelo povo em geral.

Para ambos, Sócrates e Platão, pouco progresso mental se obtinha do simples facto de ministrar conhecimentos. Aos métodos populares dos sofistas, que almejavam disseminar informações por meio de prestações formais, estes dois filósofos opuseram o método dialéctico ou de conversação. O objectivo desse método era gerar o poder de pensar. O seu alvo era formar espíritos capazes de tirar conclusões correctas, de formular a verdade por si mesmos, em vez de dar-lhes conclusões já elaboradas.

As contribuições permanentes e imediatas de Sócrates para a educação são estas:

Sócrates

1) o conhecimento possui um valor prático ou moral, isto é, um valor funcional, e consequentemente é de natureza universal e não individualista;

2) processo objectivo para obter-se conhecimento é o de conservação; o sub-objectivo é de reflexão e da organização da própria experiência;

3) a educação tem por objectivo imediato o desenvolvimento da capacidade de pensar, não apenas ministrar conhecimentos.

Nesses aspectos sua influência tem sido tão ampla e é ainda tão poderosa quanto foi a influência das suas práticas nas escolas gregas daquele período.

Limitações do método socrático

Este método é adequado, quando se aplica à formulação de verdades éticas. Ele ajuda a determinar que um acto é justo, que uma conduta é recta, que é honroso, etc., já que a respeito de tudo isso, todos os indivíduos têm experiência concreta. As limitações do método surgem quando aplicado a matérias como a ciência, a história e a literatura, em que o conteúdo não é dado pela experiência do indivíduo, mas é social. O método socrático pode definir, classificar, interpretar cientificamente, mas não pode dar conteúdo.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

BINGO DAS SILABAS SIMPLES COLEÇAO CIRCO


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ATVIDADES PARA ALFABETIZAÇÃO


ALFABETO






domingo, 3 de janeiro de 2010

O ALFABETO

















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